Esta nova ferramenta foi desenvolvida pelo projeto EUCityCalc, que junta dez cidades-piloto, entre elas três portuguesas – Sesimbra, Setúbal e Palmela – com o objetivo de capacitar os municípios europeus no desenvolvimento de roteiros de descarbonização, inclusivos e de âmbito local.
Através da plataforma é possível selecionar, por exemplo, diferentes medidas ou cenários de intervenção e comparar os impactos que provocam na cidade, tanto em matéria de emissões, como de custos. Para isso, permite que as câmaras municipais e outros atores-chave integrem os dados dos seus Planos de Ação para a Energia Sustentável e Clima (SECAP), bem como as principais tendências sociodemográficas locais. Depois, o modelo utilizado pela EU City Calculator ajuda a complementar estas informações, recorrendo a uma base de dados de âmbito nacional em áreas como a energia, as emissões ou os dados de atividade. No fundo, atuando sob um princípio semelhante à European Calculator, que modela cenários a nível europeu e nacional a partir das emissões de gases com efeitos de estufa, a EU City Calculator funciona como uma adaptação à escala local.
“A ferramenta foi desenvolvida para capacitar cidades em toda a Europa no desenvolvimento de caminhos de transição e cenários cientificamente viáveis, não apenas de acordo com as metas da UE para 2050, mas também sustentados numa abordagem transversal e territorial para a descarbonização”, diz um comunicado da ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, que integra este consórcio europeu. Em última instância, foi “desenhada para suportar as cidades europeias na tomada de decisões e na implementação de estratégias climáticas e energéticas”, acrescenta.
Já Vincent Matton, consultor de energia e alterações climáticas da Climact, explica que “uma cidade pode usar a European City Calculator para simular várias medidas, tais como iniciativas de transporte público e zonas de baixas emissões. Essa abordagem permite à cidade identificar e avaliar eficazmente as melhores estratégias para reduzir as emissões urbanas”.
Coordenado pela Energy Cities e financiado pelo Horizonte 2020, o projeto EUCityCalc testou esta ferramenta de modelação em dez municípios europeus de pequena e média dimensão. Além de Palmela, Sesimbra e Setúbal também participam Riga (Letónia), Dijon Métropole (França), Mantova (Itália), Zdar (Chéquia), Koprivnica, Varazdin e Virovitica (Croácia). A estas cidades-piloto poderão juntar-se outras no futuro.
Para já, a partir de 26 de fevereiro, os municípios passam a ter à disposição um programa de formação (EUCityCalc), de modo a conhecerem melhor a ferramenta e a saberem como os recolher dados que utiliza. O mesmo irá ajudar também a organizar e dinamizar workshops de cocriação envolvendo diferentes agentes.