ENA - Agência de Energia e Ambiente da Arrábida
30 Jul 2021
Setúbal, Sesimbra e Palmela unidos pela Arrábida

Jornal Semmais. Cinco diferentes projetos, coordenados pela ENA, pretendem fazer a diferença na descarbonização do território Arrábida. Se não se atingir a neutralidade carbónica, em 2100 podem-se atingir 18 dias de calor extremo.


Com Setúbal, Sesimbra e Palmela como áreas de atuação, a ENA - Agência de Energia e Ambiente da Arrábida começou a caminhada para o desenvolvimento sustentável do território Arrábida em 2006, criando e implementando projetos que visam a neutralidade carbónica dos três municípios que a integram e fazer frente às alterações climáticas. Para Isabel Rodríguez, responsável de comunicação e projetos europeus e nacionais da associação sem fins lucrativos, “as alterações climáticas são uma realidade que já está a acontecer e com impactos visíveis a nível global”. Contudo, alerta, “não só nos icebergs na Gronelândia, mas também na quantidade de choco. Tem uma presença muito física e real no nosso território, que tem de estar preparado para fazer face a estes desafios”. Na Arrábida, o impacto das alterações climáticas avaliado pelo IGOT – Instituição Geográfica de Ornamento do Território, traça dois cenários, utilizando o RCP (Representative Concentration Pathway), uma trajetória de concentração de gases de efeito estufa do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) da Organização das Nações Unidas. No primeiro, com base no RCP 4.5 - que avalia o impacto futuro caso sejam tomadas medidas -, o cenário mais positivo e pressupõe uma trajetória de aumento da concentração de CO2 atmosférico até 520 ppm em 2070, com incremento menor até 2100. Já no segundo, baseado no RCP 8.5, a trajetória é semelhante ao cenário RCP 4.5 até 2050, mas com posterior aumento intensificado, atingindo uma concentração de CO2 de 950 ppm em 2100.

ESTRATÉGIA VISA ELABORAÇÃO DE UM PLANO PARA CADA CONCELHO

É da necessidade de estabilizar esses valores e da realidade das alterações climáticas, que os projetos da ENA ganham vida. O PLAAC Arrábida, por exemplo, “acrónimo de Planos Locais de Adaptação às Alterações Climáticas”, prevê a elaboração de três planos, um para cada município. Iniciado em fevereiro de 2021 e com duração de 19 meses, o projeto está agora no “processo de caracterização climática e sinalização socioeconómica dos municípios. Segue-se a “elaboração do plano”, e o levantamento dos “agentes locais que devem ser envolvidos”.

Outro dos projetos que a ENA integra é o ENERNETMOB. De génese europeia, “desenha, testa e tenta melhorar planos de mobilidade elétrica sustentáveis nos territórios da área mediterrânica com normas comuns e políticas de baixo carbono”. Tem como foco “três grandes desafios para a mobilidade sustentável: o transporte intermodal marítimo-rodoviário, a mobilidade partilhada, e a logística urbana”. No âmbito deste projeto, no qual a associação se encontra a desenvolver a logística urbana, Setúbal, Sesimbra e Palmela, vão ter pontos de carregamento rápido para veículos elétricos e já foram disponibilizadas às autarquias viaturas elétricas, como uma carrinha e bicicletas. Em marcha estão também o SISMA PLUS e o PRIORITEE PLUS, projetos que visam munir os municípios de ferramentas que permitam “desenvolver esquemas de investimento que levem à reabilitação e eficiência energética de edifícios públicos”.

O território Arrábida aceitou ainda o desafiou de ser piloto do projeto EU CITY CALC, “ferramenta da Comissão Europeia para cálculo de emissões de CO2”, que “apoia as entidades públicas a atingirem a neutralidade carbónica”, aspeto de grande relevância para a região que, entre outros impactos das alterações climáticas, o RCP 8.5 estima que, se não houver atuação relativamente a esta problemática, Setúbal, Sesimbra e Setúbal podem ter, em 2100, 18 dias de calor extremo, acima dos 35 graus celsius.

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