ENA - Agência de Energia e Ambiente da Arrábida

Em desenvolvimento

A ENA arranca um projeto internacional destinado a melhorar a gestão do risco de catástrofes para acontecimentos inesperados

A Agência testará no concelho de Setúbal ferramentas e metodologias que permitirão identificar falhas comuns na resposta a ameaças de eventos de alto impacto e baixa probabilidade

Nas últimas décadas, o panorama dos riscos alterou-se substancialmente devido a riscos novos e emergentes, como as alterações climáticas, as ciber-ameaças, as doenças infeciosas e o terrorismo. Os eventos imprevisíveis de alto risco, descritos como eventos de "alto impacto e baixa probabilidade" (HILP - High Impact Low Probability) confrontam os governos, as empresas e os decisores políticos com novos desafios, incluindo a definição das responsabilidades.

Para enfrentar os desafios existentes, a União Europeia está a financiar, no âmbito do Programa Horizonte Europa, o projeto AGILE (Better Disaster Risk Management for Unexpected Events). Este projeto, inovador e transdisciplinar, deu início na passada semana em Veneza, e visa desenvolver novas ferramentas e metodologias para compreender, antecipar e gerir os HILP, melhorando a resiliência da sociedade face a tais eventos.

Os HILP são descritos como "eventos ou ocorrências que não podem ser facilmente antecipados, que surgem de forma aleatória e inesperada e têm efeitos imediatos e impactos significativos". Incluem crises de grande visibilidade e mega catástrofes, como o acidente nuclear de Fukushima Daiichi, o ataque terrorista de 11 de setembro nos EUA e a pandemia de COVID-19, bem como eventos persistentes de menor visibilidade, como inundações, secas e ciclones.

Apesar das ameaças colocadas por estes acontecimentos inesperados, não existe uma definição nem uma metodologia acordada para caraterizar os HILP, pelo que este projeto visa colmatar as atuais lacunas de conhecimento e de capacitação.

"A natureza complexa e dinâmica do HILP requer novas competências, o que só é possível ultrapassando as disciplinas "tradicionais" do meio académico", explica a coordenadora do projeto, Gordana Cveljo, da Johanniter-Unfall-Hilfe e.V. O projeto AGILE reúne académicos de topo de diferentes áreas para uma melhor compreensão e reforço da resiliência ao HILP e para apoiar uma abordagem orientada para o impacto, que responda às necessidades reais dos profissionais e melhore a governação das catástrofes.

A investigação do projeto está dirigida a profissionais da segurança e decisores políticos que gerem o risco a nível local, regional e nacional, combinando uma vasta gama de metodologias inovadoras e já existentes e integrando-as numa nova metodologia multissetorial e replicável de teste de resiliência ao risco, a fim de melhorar:
• A COMPREENSÃO (Systems theory, Lateral thinking, Strategic Foresight, Machine Learning)
• A ANTECIPAÇÃO (construção de cenários e exercícios práticos, análise de decisões multicritério, aprendizagem automática) e
• A GESTÃO (avaliação da resiliência e formação estratégica para o desenvolvimento de capacidades)
O projeto irá desenvolver metodologias escaláveis e replicáveis que permitirão identificar falhas comuns na resposta a estas ameaças HILP e definir recomendações para melhorar as políticas de gestão do risco de catástrofes a nível nacional e europeu.

A ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, parceira do projeto, testará estas ferramentas e metodologias no concelho de Setúbal para posteriormente extrapolá-las ao resto de municípios do Território Arrábida (Palmela e Sesimbra) bem como à Área Metropolitana de Lisboa.

O consórcio AGILE é composto por universidades, centros de investigação, ONGs, equipas de primeira intervenção e autoridades locais, regionais e nacionais. O AGILE começou formalmente a 1 de outubro de 2023 e os 14 parceiros do projeto reúnem por primeira vez, hoje e amanhã, na Universidade Ca' Foscari de Veneza (Itália).

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